Cultivo de Plantas Tintórias

Cultivo de Plantas Tintórias

Tenho andado desaparecida pelas redes sociais, começou a estação da preparação do solo, da sementeira e do cultivo no exterior e confesso que foi a primeira vez que lidei com o processo agrícola.

Demorei 3 semanas para poder preparar a terra com ferramentas arcaicas e as minhas próprias mãos !

O meu vizinho Dereck ajudou-me a compreender como se fazia um sistema de rega com a água da chuva !! E todo o material que deveria comprar ... 
Na minha primeira tentativa de sistema de rega e com a pressão, a minha tubagem saltou, mas parece que agora está a manter-se fiel ao que deveria ser.

Agradeço sinceramente ao meu vizinho por ter tido a paciência de explicar todo o processo de rega, sem ele demoraria mais tempo.

Entre toda esta atividade, ainda estive em Paris, durante uma semana para conhecer o trabalho da associação Couleur ton Monde e o trabalho da Serigrafista Marie Longhi. (Mas isso, conto-te mais tarde!)

(E acrescento que ainda sou uma mãe M-U-I-T-O ativa na educação dos meus três lobitos que precisam SEMPRE de muita ajuda e atenção para crescerem da maneira mais saudável possível). 

Mas voltando ao processo de cultivo ... 

O cultivo de plantas tintórias, ou seja, aquelas que produzem maior concentração de cores para tingir tecidos e outros materiais como a cortiça, papel, etc., é uma prática ancestral que vem ganhando renovado interesse nos últimos anos.

Essa atividade abrange uma variedade de plantas (como a galha, ruiva-dos-tintureiros, a camomila, o índigo, a madressilva, e tantas outras que podes encontrar na nossa flora), cada uma fornece pigmentos únicos e naturais. 

As plantas tintórias oferecem uma alternativa ecológica aos corantes sintéticos, que frequentemente são derivados de petróleo e podem ser altamente poluentes. Incentivar o cultivo e saber identificá-las contribui para a conservação da biodiversidade e na "descoberta da planta na sua integralidade".

"Cultivá-las é a minha ferramenta de apoio para sensibilizar as comunidades locais e educativas, destacando a planta como parte essencial de um processo criativo holístico".

O meu desejo é acompanhar e sensibilizar as comunidades sobre a importância da nossa flora e a riqueza que podemos encontrar ao virar da esquina, promovendo uma maior consciência ambiental.

Talvez assim possamos começar a olhar para a natureza como algo muito precioso, pois ela nos fornece tudo o que precisamos para ser criativos, sem recorrer à compra de materiais transformados pela indústria petroquímica.

Durante o cultivo 

Ao cultivar uma nova espécie ou iniciar uma nova sementeira, é essencial coletar e registrar uma série de informações fundamentais que influenciam diretamente na qualidade e na intensidade das cores que serão produzidas.

É altamente recomendável criar e manter uma tabela detalhada que inclua as seguintes informações:

- Ano da Recolha da Semente ou Fornecedor;

- Ano do Cultivo;

- Espécie, nome em Latim e as partes funcionais que vamos utilizar;

O pH do solo: desempenha um papel crucial na absorção de nutrientes pelas plantas e na disponibilidade de elementos que contribuem para a pigmentação. Um pH do solo ácido dará um pigmento diferente de um pH do Solo mais básico;

- O Tipo de Solo: As características físicas e químicas do solo, como textura, composição mineral e capacidade de retenção de água,  afetam diretamente o desenvolvimento das plantas e, consequentemente, a produção do pigmento final. Além disso, certas espécies podem preferir solos arenosos, argilosos ou mesmo solos mais encharcados, o que deve ser considerado durante o processo de cultivo.

 - A Exposição Solar: A quantidade e a intensidade da luz solar que as plantas recebem influenciam na produção do pigmento. 

 - O pH da Água: É importante registrar o pH da água utilizada, seja ela proveniente da chuva, de fontes naturais ou do sistema de abastecimento público, pois a cor varia consoante o pH da água.

 

 

O Pigmento é algo imprevisível...

Não penses que ela vai sempre dar a cor exatamente igual à cor do ano anterior.

É o que eu chamo, muitas vezes, uma obra de arte dirigida pela mãe natureza. Os tons por ela criados variam de ano para ano.

Dessa forma, é crucial quando cultivares uma nova espécie ou uma nova sementeira, indicar numa tabela  o ano do cultivo, o pH original do Solo, o tipo de Solo, Exposição solar, assim que o pH da água (água da chuva ? água do sistema de abastecimento público? Tudo isso é importante na origem da cor. 

Ao registrar essas informações em uma tabela organizada e de fácil acesso, podes monitorar de perto as condições de crescimento das plantas e fazer ajustes conforme necessário para otimizar a produção de corantes naturais.

 

 

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